Quarta-feira, 25 de Junho de 2008
Um choque tecnológico demasiado... simplex!

 

É certo que a Constituição da República Portuguesa afirma que o Ensino deve ser tendencialmente gratuito. Até já disse que devia ser gratuito, antes dos partidos da direita estarem suficientemente consolidados para começar as machadadas nas conquistas de Abril, com a primeira revisão constitucional.

 

E como devia ser tendencialmente gratuito, esse apaixonado pela educação, denominado António Guterres, ex-primeiro-ministro e actualmente com um tacho internacional, como Durão e Sampaio, impingiu que as propinas por si criadas serviriam exclusivamente para melhorias da qualidade de ensino, portanto não seriam um pagamento da frequência do mesmo.

 

Uma breve nota: aparentemente, é moda saltar para tachos internacionais depois de dar cabo das questões nacionais. Poderia parecer estranho por que alguém os seleccionaria, mas na verdade diz muito dos lugares que ocupam. E também do que para lá vão fazer. Se à escala nacional fazem o povo em merda, à internacional devem limpar o rabinho aos seus senhores. A questão mesmo, agora, é: para onde irá Sócrates?

 

É dificil compreender como é que alguém acreditou na patranha das propinas para aumentar a qualidade. Ainda mais quem estudasse no referido grau de ensino. Mas como se diz, o pior cego é o que não quer ver, e há sempre alguém que não o quer.

 

Bom, Durão decidiu que eram necessários aumentos de propinas, claro está para aumentar mais ainda a qualidade. E o Tribunal Constitucional, uma vez que até é muito isento do PS e do PSD, achou que tal em nada contrariaria o "tendencialmente gratuito". Assim algo do género: "tendencial é tendencial, não quer dizer que tem de ser sempre a baixar"... Portanto, pasme-se, decidiu que poderiam aumentar até ao valor mais elevado que já atingiram, desde que não o ultrapassassem! Ou seja, até ao valor dos tempos da ditadura, que deve ser para voltarmos aos índices de analfabetismo e desqualificação da época.

 

Só mesmo com muita alienação não se perceberá que os aumentos de propinas, nunca para mais serviram que para financiar o sistema de ensino superior, já que os seus aumentos foram sempre acompanhados de correspondentes cortes no financiamento deste por via do orçamento de Estado.

 

E o alucinante Gago, que se não tem como paixão a educação poderia ter a ciência, e tanto fala na investigação científica, seguindo o seu mestre mais o discurso do choque tecnológico, tal como Guterres e Durão, tudo o que consegue é falar.

 

Vem isto a propósito desta notícia.

 

Se supostamente não há falta de financiamento na educação, porque se vê uma universidade obrigada a canalizar verbas da investigação, para cumprir com obrigações decorrentes dos justos direitos dos seus trabalhadores, leia-se, subsídios de férias?

 

Gágá, de resto, já afirmou que a UA não leva mais um testão, porque já trabalha para empresas. E assim, confirma o que qualquer um com dois dedos de testa sempre disse sobre as relações entre universidades e empresas: não servem para aumentar as saídas profissionais, não servem para modernizar as empresas, mas para cortar ainda mais no financiamento público do ensino superior.

 

Não era a investigação que ia lançar a economia portuguesa?

Não era a educação?

 

Pelos vistos, não deve ser nenhuma das duas, já que, pelos vistos, uma leva machadadas para pagar as machadadas que a outra já levou.

 

A miséria continua, a luta continuará também.



Publicado por Alfredo às 13:20
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Sexta-feira, 6 de Junho de 2008
A Igreja, o Estado, o Código de Trabalho e o Ópio do Povo

Não faltam exemplos das relações entre a Igreja e o Estado, em Portugal como noutros países. Por cá, da Concordata à submissão aos interesses da Igreja, aos capelões nos hospitais e prisões, à disciplina de Religião e Moral Católica nas Escolas...

Para não falar dos financiamentos indirectos à Igreja, por parte do Estado, via IPSS's da Mesericórdia, por exemplo, ou o Ensino Superior Particular e Cooperativo, etc.

 

Claro está, não chega, nem à Igreja, nem ao Estado, nem ao capital. E, de resto, há que agradecer os pequenos favores, que não vêm só do divino, mas também dos sucessivos Governos. Há que dar, portanto, ópio ao povo.

 

Assim, temos a Diocese do Porto a ajudar o Governo na ofensiva aos trabalhadores, corporizada na proposta governamental de revisão do Código de Trabalho.

 

Visto que o Governo não o consegue, nada como os beatos amigos organizarem umas sessões com Vieira da Silva para elucidar os crentes, com palavras bonitas.

 

É sempre agradável quando os papéis de classe se clarificam...

 

PS: Irá João Proença a este debate também?



Publicado por Alfredo às 22:38
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Quinta-feira, 29 de Maio de 2008
Mentiras, Verdades e Vendidos

 

Louçã, Sócrates e João Proença, trocaram uns quantos galhardetes, o primeiro acusando o terceiro de andar pelo país em sessões do Governo de esclarecimentos quanto ao próximo Código de Trabalho avanço do Capitalismo.

 

Louçã acusou, Proença negou e Sócrates defendeu a UGT. Não deixa de ser curioso ver o nosso primeiro, com o seu habitual discurso sobre os sindicatos, defender a UGT. Talvez porque não seja uma central sindical, mas sim um sustentáculo para as políticas laborais e económicas do Governo, com ele dando um ar de concertação social, apesar da sua mísera representatividade.

 

Bom, de facto, Proença não anda por aí em sessões públicas de esclarecimento acerca do Código. Anda só em sessões privadas do PS.

 

Imagino que aproveite para, entre canapés, recolher argumentos para justificar o Código junto daqueles que representa trai.

 

Foto: http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2007/06/tn_corrupto.thumbnail.jpg



Publicado por Alfredo às 20:27
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Essencialmente, para o que me for apetecendo. Ideias sobre a sociedade, coisas da sociologia, análise de questões políticas... Comentários à actualidade, assuntos pessoais relativizados e quando me apetecer, também dá para chatear alguém.
Sociólogo, 28 anos, residente em Coimbra. Bolseiro de investigação na área do insucesso e abandono escolares no Ensino Superior. Mestrando em "Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo".
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