Hoje, o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC), grupo do qual faço parte, participou na Gala do Programa "Dança Comigo", na RTP.
Serviu esta dita Gala, para angariar fundos "a favor da investigação na luta contra o cancro dos IPO´s, Lisboa, Porto e Coimbra".
Como é natural, dada a minha ligação, gostei bastante de ver a actuação do GEFAC. O que não invalida, antes pelo contrário, que tenha uma vez mais olhado o referido programa, pela óptica da desresponsabilização do Estado.
Como referido, serviu o programa para recolher fundos a favor da investigação sobre o cancro, em três instituições do Estado, mediante telefonemas feitos pelos telespectadores.
Temos, portanto, três serviços hospitalares dos Estado, a televisão do Estado, e a privatizada antiga companhia telefónica do Estado, tudo muito bem concertado para levar o povo contribuinte, que até nem paga já impostos elevadíssimos e aguenta um custo de vida cada vez mais alto, a financiar instituições de saúde do Estado, que o mesmo Estado mantém subfinanciadas, pedindo áqueles que já o alimentam que dêm um pouco mais.
Nada de novo, portanto, em relação a dois textos que já havia escrito, “Das ONGD's à Luta de Massas, da areia para os olhos à transformação social” e “Ainda sobre as ONG's: a farsa da cidadania”.
O Estado subfinancia e progressivamente privatiza, diversos sectores, entre os quais o Serviço Nacional de Saúde. E à medida que se vai desresponsabilizando, vão surgindo múltiplas iniciativas de caridadezinha, para colmatar essa desresponsabilização.
O que é novo, é que seja o próprio Estado, através da sua televisão, a organizar um evento de angariação de fundos para serviços do próprio Estado, que vem mantendo subfinanciados. E lá vai o povo crente dar um dinheirinho.
É obra...