Falo, claro está, do miserável Pinochet. Falo da besta fascista que dirigiu o belo Chile, entre 1973 e 1991, com uma mão empunhando a tortura, com a outra brandindo a repressão.
Derrubando o governo democraticamente eleito do progressista Allende, num 11 de Setembro não muito falado, com o precioso auxílio do Império norte-americano, da sua secreta e exército, o tirano Pinochet viria a, por dezoito tenebrosos anos, governar o Chile no mais negro período da sua história. Recordemos a declaração do Secretário de Estado do Império, Henry Kissinger, após o golpe militar que levou o diabo fascista ao poder:
"Não podemos deixar que um país se torne comunista, só porque o seu povo é burro". Recordemos também que quem disse estas palavras, e com inomináveis actos as corroborou (e também apadrinhou a invasão indonésia de Timor-Leste), é só por acaso Prémio Nobel da Paz... Bela porcaria, esta treta dos nóbeis!
Devo desde já admitir que a história contemporânea do Chile não é o meu forte. Mas estou certo que amigos terão esse conhecimento, e desde já agradeço aos que aqui queiram deixar o seu contributo em relação a esta matéria.
Mas se pouco sei, algumas coisas sei ainda assim.
Fascista, monstro, besta assassina, miserável sabujo do imperialismo, às suas mãos e dos seus acólitos dezenas de milhar de chilenos caíram. Pelo seu punho tirânico se desmoronaram as progressistas políticas de Allende, com a sua bênção floresceu o latifundismo e o mais mísero capitalismo, na sua versão mais brutal, o fascismo. Orquestrador das Caravanas da Morte, fiel adepto do Plano Condor, foi responsável pela morte, pela repressão, pela tortura, de dezenas de milhar de chilenos, fossem comunistas, progressistas, democratas, ou mesmo que nada fossem, inocentes.
Sem dúvida, a imagem não é nada adequada. Não é a morte que teve, é um símbolo da que deveria ter tido. Mãos de tal modo manchadas com o sangue do povo, corpo tão fedorento da podridão que espalhou, não deveria nunca ter calmamente morrido sem pagar pelos seus crimes.
Merecia a morte, a execução da justiça revolucionária, para cães desta raça misericórdia alguma pode haver. E aos que vergonhosamente choram a sua morte, pestilentos saudosistas do fascismo, se saudades têm do tirano maldito, então que a ele se juntem. Não se executou o ditador, execute-se ao menos os seus seguidores. De bom grado enviarei algum dinheiro para, se necessário, ajudar a pagar as justas balas do fuzilamento. Igualmente de bom grado pertencerei ao pelotão que fará justiça.
A sossegada e, registe-se, abastada calma em que morreu, é uma vergonha para a memória dos que caíram às suas mãos. A morte rápida de que beneficiou, aos que oprimiu não foi sequer permitido sonhar, enquanto a imploravam ao sentir o ferro em brasa queimando a sua carne, ao sentir as suas unhas arrancadas, o cruel estalo do chicote, o seus genitais esmagados, as longas horas de pé sem que dormir lhes fosse permitido, e tantas mais inomináveis sevícias. Para depois terem o seu corpo devastado lançado, de barcos e helicópteros, aos tubarões, para que da sua digna existência rasto algum ficasse.
Enfim, morreu finalmente. Só lamento que nunca tenha pago pelos seus crimes, pois tal é uma vergonha, uma desonra para a memória dos que tombaram durante a sua fascista e tenebrosa ditadura.
A seguinte letra é de uma música de Luis Advis e Julio Rojas, e deixo-a aqui pois é para mim um belíssimo símbolo do sonho de um Chile progressista em construção, que o fascismo de Pinochet derrubou. Quando for possível coloco-a a tocar no blog, porque a sua beleza, mais que lida, merece ser ouvida. O sonho de outrora, pelos fascistas tornado pesadelo, é também o sonho do presente para todos os espoliados e oprimidos do capitalismo; cedo ou tarde, no Chile como no Mundo, o sonho será tornado vida, a Revolução triunfará.