Fica-se "agora" a saber que, para a Juventude Popular, a melhor forma de ultrapassar a "crise" e relançar a economia é mesmo... trabalhar à borla, acabando com o salário mínimo.
Depreende-se, à boa maneira da mão invisível, que o mercado de trabalho, como o da troca, é perfeitamente capaz de determinar a melhor relação salarial, a partir da oferta e procura de trabalho.
"Este preço mínimo tem dois efeitos muito claros no mercado de trabalho: impedir de trabalhar quem estiver disponível para trabalhar por valor inferior a esse preço", diz. Por outro lado, acrescenta o documento, a fixação de um valor mínimo "impede de operar todas as empresas e serviços que não tenham a capacidade de remunerarem aquele montante".
E como, em Portugal, a crer na referida Juventude, já não vigora um modelo económico assente em baixos salários, estamos certos que essa relação será muito benéfica para os trabalhadores.
Poupem-me. Realmente, o Estado é um sacana, o povo disponível para trabalhar por cem euritos e o Estado não deixa. Mais, ainda por cima é responsável pelo encerramento de empresas, obrigando-as a pagar o balúrdio de 400 euros.
Os popularinhos esquecem-se é que se uma empresa hoje não pode pagar o salário mínimo, é porque viveu muito tempo assente precisamente nos baixos salários, modelo que hoje já não lhe assegura qualquer competitividade. O mesmo modelo que a JP declara ultrapassado, embora ao mesmo tempo "defenda" as empresas que não podem pagar esse valor...
Enfim, eles não são maus rapazes. São somente estúpidos (será), até afirmam que um jovem qualificado em Portugal ganha 1000 euros. Digam-me onde, que eu concorro já!
Faz-me lembrar outra imbecilidade, vinda da mesma origem, há já quase um mês.
O magnífico líder de tão douta Juventude, Pedro Moutinho, indignado, clama por justiça contra os incendiários das sedes do seu Partido, sequestradores dos seus militantes, bárbaros assassinos, no Verão Quente de 75. Responsáveis esses que, segundo afirma, contam entre as suas fileiras com "as bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares".
Quanto às FP, foram criadas em 1980.
Quanto ao Bernardino, bem, o Bernardino é um sacana. Em 75 tinha apenas quatro anos, e já andava nessa vida, um revolucionário muito jovem, portanto.
Bernardino era um menino prodígio. Quatro anos e já era revolucionário.
Pedro Moutinho era um menino prodígio. Quatro anos e já era uma besta.
A Juventude Popular é sempre um prodígio. É sempre estúpida.