Está finalmente confirmado. Entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007, nada mais nada menos que 56 voos da CIA, com prisioneiros ilegais, para a base de Guantanámo, passaram por Portugal.
Sim, leram bem, Dezembro de 2007, portanto já com diversas investigações em curso. Nada que, no entanto, envergonhe o actual e anterior Governo.
E quem dá, finalmente, a informação? O Governo português, em resposta a um requerimento apresentado pelo PCP, na Assembleia da República.
Como não nos conformamos com a mentira descarada, insistimos na exigência da verdade, e continuaremos, até que seja desvendada todo o colaboracionismo do PS, PSD e CDS-PP com as inomináveis violações dos mais elementares direitos humanos, por parte da agência de espionagem do imperialismo norte-americano.
O Governo afirma que nada sabia, nem podia, porque não controlou os voos. Portanto, aviões militares, ao serviço de um país suspeito de os utilizar na transferência ilegal de presos também ilegais, caso em investigação há já algum tempo, passam pelo espaço aéreo português, sem qualquer controlo.
Será normal? Como disse o deputado do PCP, Jorge Machado, "Se o Governo não os fiscalizou foi porque não quis (...) deviam ter sido feitas inspecções, até porque havia fortes indícios de que transportavam prisioneiros para Guantánamo (...) Portugal continua a ser conivente, por acção ou omissão, não obstante a denúncia pública e o escândalo".
Visto Guantánamo e o Governo, qual o porquê da comunicação social no título? Pela omissão, uma vez mais, do trabalho político do PCP.
As primeiras notícias surgidas dão conta do papel do PCP, no desvendar das informações agora reveladas. No entanto, se se derem ao trabalho de ver as notícias mais recentes, já quase não é referido, sendo gradualmente substituído pelo Bloco de Esquerda e pela euro-deputada socialista Ana Gomes.
Pior, sobre esta matéria, no noticiário das 13h, a SIC entrevista Fernando Rosas, deputado do BE, e um deputado do PS. No das 20h, entrevista somente Ana Gomes. Sobre o PCP, cujo requerimento permitiu obter estas informações, nada de nada.
Faz-me lembrar uma conversa há algum tempo, com uma pessoa que argumentava que o facto do trabalho do PCP não ser noticiado, e o do BE o ser de modo inversamente proporcional, se deveria à falta de contactos deste junto de jornalistas, ou falta de bons comunicadores...
Pois claro. O PCP apresenta um requerimento, em função do qual são reveladas um conjunto de informações. Face a isto, a televisão entrevista um deputado bloquista e dois socialistas.
Falta de contactos e comunicadores, ou uma comunicação social prestimosamente dedicada ao seu papel de classe? E não me venham falar que apareceu nos jornais e "só" não apareceu na televisão, porque a abrangência de públicos de cada meio é absolutamente incomparável; e, de qualquer modo, como referi, também da imprensa já está em vias de extinção.
Portanto, nada mais nada menos, que novo exemplo do papel de classe da comunicação social, face ao qual não pode deixar de omitir o PCP e enaltecer as supostas alternativas de esquerda... Aquelas que, como já referido, nada podem alterar.
PS: A quem se interessar pela temática da comunicação social, e o seu papel de classe na sociedade capitalista, sugiro a obra "Jornalismo e Sociedade", de Fernando Correia, publicada pelas Edições Avante.
Fica-se "agora" a saber que, para a Juventude Popular, a melhor forma de ultrapassar a "crise" e relançar a economia é mesmo... trabalhar à borla, acabando com o salário mínimo.
Depreende-se, à boa maneira da mão invisível, que o mercado de trabalho, como o da troca, é perfeitamente capaz de determinar a melhor relação salarial, a partir da oferta e procura de trabalho.
"Este preço mínimo tem dois efeitos muito claros no mercado de trabalho: impedir de trabalhar quem estiver disponível para trabalhar por valor inferior a esse preço", diz. Por outro lado, acrescenta o documento, a fixação de um valor mínimo "impede de operar todas as empresas e serviços que não tenham a capacidade de remunerarem aquele montante".
E como, em Portugal, a crer na referida Juventude, já não vigora um modelo económico assente em baixos salários, estamos certos que essa relação será muito benéfica para os trabalhadores.
Poupem-me. Realmente, o Estado é um sacana, o povo disponível para trabalhar por cem euritos e o Estado não deixa. Mais, ainda por cima é responsável pelo encerramento de empresas, obrigando-as a pagar o balúrdio de 400 euros.
Os popularinhos esquecem-se é que se uma empresa hoje não pode pagar o salário mínimo, é porque viveu muito tempo assente precisamente nos baixos salários, modelo que hoje já não lhe assegura qualquer competitividade. O mesmo modelo que a JP declara ultrapassado, embora ao mesmo tempo "defenda" as empresas que não podem pagar esse valor...
Enfim, eles não são maus rapazes. São somente estúpidos (será), até afirmam que um jovem qualificado em Portugal ganha 1000 euros. Digam-me onde, que eu concorro já!
Faz-me lembrar outra imbecilidade, vinda da mesma origem, há já quase um mês.
O magnífico líder de tão douta Juventude, Pedro Moutinho, indignado, clama por justiça contra os incendiários das sedes do seu Partido, sequestradores dos seus militantes, bárbaros assassinos, no Verão Quente de 75. Responsáveis esses que, segundo afirma, contam entre as suas fileiras com "as bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares".
Quanto às FP, foram criadas em 1980.
Quanto ao Bernardino, bem, o Bernardino é um sacana. Em 75 tinha apenas quatro anos, e já andava nessa vida, um revolucionário muito jovem, portanto.
Bernardino era um menino prodígio. Quatro anos e já era revolucionário.
Pedro Moutinho era um menino prodígio. Quatro anos e já era uma besta.
A Juventude Popular é sempre um prodígio. É sempre estúpida.