De Marinho Pinto, fora o espalhafato por vezes engraçado, já não vale a pena esperar muito.
Depois de, há não muito tempo, se lembrar que os processos criminais contra Mário Machado e demais compinchas fascistas, serem processos políticos, por causa da sua ideologia, como se estes espécimes não tivessem sido encontrados com dezenas de armas ilegais em casa, além das ameaças e propaganda racista, teve agora nova tirada...
Defende este senhor que os sindicatos dos magistratos deviam ser abolidos, porque "transformaram a independência da função e dos tribunais num privilégio de classe, deixando de ser garantia e direito dos cidadãos, do povo, em nome de quem a Justiça é administrada"...
Claro que sim, aliás, as políticas de sucessivos governos não têm nada a ver com a degradação da justiça, a culpa é mesmo dos sindicatos. Sócrates não diria melhor.
O argumento é que a justiça é um órgão de soberania do Estado, portanto estando no seu topo, não tem patrão, logo não se justifica a existência de sindicatos para estes profissionais.
Que é um órgão de soberania, ninguém duvidará, que não tenham patrão, já se duvidará, agora, que não têm a sua actividade laboral definida políticamente por governos, isso ninguém acredita.
Se a sua vida laboral é condicionada por decisões políticas, têm todo o direito a ter um sindicato que defenda os seus direitos laborais.
Só um burro não percebe isso. A Marinho Pinto, só lhe falta cair também.
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Louçã, Sócrates e João Proença, trocaram uns quantos galhardetes, o primeiro acusando o terceiro de andar pelo país em sessões do Governo de esclarecimentos quanto ao próximo Código de Trabalho avanço do Capitalismo.
Louçã acusou, Proença negou e Sócrates defendeu a UGT. Não deixa de ser curioso ver o nosso primeiro, com o seu habitual discurso sobre os sindicatos, defender a UGT. Talvez porque não seja uma central sindical, mas sim um sustentáculo para as políticas laborais e económicas do Governo, com ele dando um ar de concertação social, apesar da sua mísera representatividade.
Bom, de facto, Proença não anda por aí em sessões públicas de esclarecimento acerca do Código. Anda só em sessões privadas do PS.
Imagino que aproveite para, entre canapés, recolher argumentos para justificar o Código junto daqueles que representa trai.
Foto: http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2007/06/tn_corrupto.thumbnail.jpg
Hoje, o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC), grupo do qual faço parte, participou na Gala do Programa "Dança Comigo", na RTP.
Serviu esta dita Gala, para angariar fundos "a favor da investigação na luta contra o cancro dos IPO´s, Lisboa, Porto e Coimbra".
Como é natural, dada a minha ligação, gostei bastante de ver a actuação do GEFAC. O que não invalida, antes pelo contrário, que tenha uma vez mais olhado o referido programa, pela óptica da desresponsabilização do Estado.
Como referido, serviu o programa para recolher fundos a favor da investigação sobre o cancro, em três instituições do Estado, mediante telefonemas feitos pelos telespectadores.
Temos, portanto, três serviços hospitalares dos Estado, a televisão do Estado, e a privatizada antiga companhia telefónica do Estado, tudo muito bem concertado para levar o povo contribuinte, que até nem paga já impostos elevadíssimos e aguenta um custo de vida cada vez mais alto, a financiar instituições de saúde do Estado, que o mesmo Estado mantém subfinanciadas, pedindo áqueles que já o alimentam que dêm um pouco mais.
Nada de novo, portanto, em relação a dois textos que já havia escrito, “Das ONGD's à Luta de Massas, da areia para os olhos à transformação social” e “Ainda sobre as ONG's: a farsa da cidadania”.
O Estado subfinancia e progressivamente privatiza, diversos sectores, entre os quais o Serviço Nacional de Saúde. E à medida que se vai desresponsabilizando, vão surgindo múltiplas iniciativas de caridadezinha, para colmatar essa desresponsabilização.
O que é novo, é que seja o próprio Estado, através da sua televisão, a organizar um evento de angariação de fundos para serviços do próprio Estado, que vem mantendo subfinanciados. E lá vai o povo crente dar um dinheirinho.
É obra...
Está finalmente confirmado. Entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007, nada mais nada menos que 56 voos da CIA, com prisioneiros ilegais, para a base de Guantanámo, passaram por Portugal.
Sim, leram bem, Dezembro de 2007, portanto já com diversas investigações em curso. Nada que, no entanto, envergonhe o actual e anterior Governo.
E quem dá, finalmente, a informação? O Governo português, em resposta a um requerimento apresentado pelo PCP, na Assembleia da República.
Como não nos conformamos com a mentira descarada, insistimos na exigência da verdade, e continuaremos, até que seja desvendada todo o colaboracionismo do PS, PSD e CDS-PP com as inomináveis violações dos mais elementares direitos humanos, por parte da agência de espionagem do imperialismo norte-americano.
O Governo afirma que nada sabia, nem podia, porque não controlou os voos. Portanto, aviões militares, ao serviço de um país suspeito de os utilizar na transferência ilegal de presos também ilegais, caso em investigação há já algum tempo, passam pelo espaço aéreo português, sem qualquer controlo.
Será normal? Como disse o deputado do PCP, Jorge Machado, "Se o Governo não os fiscalizou foi porque não quis (...) deviam ter sido feitas inspecções, até porque havia fortes indícios de que transportavam prisioneiros para Guantánamo (...) Portugal continua a ser conivente, por acção ou omissão, não obstante a denúncia pública e o escândalo".
Visto Guantánamo e o Governo, qual o porquê da comunicação social no título? Pela omissão, uma vez mais, do trabalho político do PCP.
As primeiras notícias surgidas dão conta do papel do PCP, no desvendar das informações agora reveladas. No entanto, se se derem ao trabalho de ver as notícias mais recentes, já quase não é referido, sendo gradualmente substituído pelo Bloco de Esquerda e pela euro-deputada socialista Ana Gomes.
Pior, sobre esta matéria, no noticiário das 13h, a SIC entrevista Fernando Rosas, deputado do BE, e um deputado do PS. No das 20h, entrevista somente Ana Gomes. Sobre o PCP, cujo requerimento permitiu obter estas informações, nada de nada.
Faz-me lembrar uma conversa há algum tempo, com uma pessoa que argumentava que o facto do trabalho do PCP não ser noticiado, e o do BE o ser de modo inversamente proporcional, se deveria à falta de contactos deste junto de jornalistas, ou falta de bons comunicadores...
Pois claro. O PCP apresenta um requerimento, em função do qual são reveladas um conjunto de informações. Face a isto, a televisão entrevista um deputado bloquista e dois socialistas.
Falta de contactos e comunicadores, ou uma comunicação social prestimosamente dedicada ao seu papel de classe? E não me venham falar que apareceu nos jornais e "só" não apareceu na televisão, porque a abrangência de públicos de cada meio é absolutamente incomparável; e, de qualquer modo, como referi, também da imprensa já está em vias de extinção.
Portanto, nada mais nada menos, que novo exemplo do papel de classe da comunicação social, face ao qual não pode deixar de omitir o PCP e enaltecer as supostas alternativas de esquerda... Aquelas que, como já referido, nada podem alterar.
PS: A quem se interessar pela temática da comunicação social, e o seu papel de classe na sociedade capitalista, sugiro a obra "Jornalismo e Sociedade", de Fernando Correia, publicada pelas Edições Avante.